Dicas para imigrar para os Estados Unidos

Dicas para imigrar para os Estados Unidos.
Fonte: Creative Commons

No texto desse mês, irei dar algumas “dicas” para você que quer imigrar para os Estados Unidos. Resolvi escrever esse artigo depois de mais de duas centenas de comentários e mais de trinta mil visualizações em um post sobre validação de diploma.
Toda semana recebo nas minhas redes sociais, perguntas a esse respeito, pessoas com diferentes profissões, de diferentes partes do Brasil, mas em comum com a vontade de sair do país e começar uma nova vida. (Respondo apenas as dúvidas deixadas nos comentários após os textos, peço que reencaminhem para esse espaço).
Sempre pondero muito antes de responder, penso no que eu gostaria de saber se estivesse me mudando, mas jamais respondo apenas o que os leitores querem ler e sim a realidade.
Muitos comentários são perguntas pessoais, do tipo: você acha loucura eu largar tudo? você acha que consigo viver com um salário de tanto, consigo me legalizar depois de alguns anos?
Antes mesmo de listar importantes características para você ter sucesso no seu plano de imigração, convido-a (o) a alguns pontos de reflexão.
Situação hipotética: no Brasil, na sua empresa ou na que você trabalha tem uma vaga disponível para um certo cargo, de um lado um profissional brasileiro qualificado, perfil ideal de acordo com as descrições requeridas para o cargo, com domínio da língua. Do outro lado, um estrangeiro tão qualificado quanto, com o mesmo perfil do brasileiro, porém que não domina o idioma fluentemente, que precisa de um patrocínio para o visto (trocando em miúdos: despesa e tempo limitado). Os dois foram igualmente bem nas entrevistas, estão empatados, qual dos dois você acredita que será o escolhido?
Essa mesma pergunta pode ser extrapolada para você que quer tentar a vida no exterior. Pense como um empresário, gerente, professor ou qualquer profissão que tenha poder de escolha, a vaga pode ser para lavar pratos ou para comandar uma empresa, se tivermos em critério de igualdade, sempre o desempate será privilegiando quem apresentar menos “preocupação” para a empresa.
Entretanto, você pode pontuar: perdemos sempre para um nativo da língua? Não, se tivermos boa comunicação e desenvoltura no idioma, ou seja, o mínimo esperado é que sejamos aptos a: entender instruções e comunicarmos com nossos colegas de trabalho. Contudo se a sua profissão exige contato com o público em geral, a sua exigência será maior, pois problemas na comunicação podem gerar a descredibilidade do interlocutor.
Outros questionamentos importantes a serem feitos: qual o meu padrão de vida atual, o que eu espero da vida no exterior? Elevá-lo, rebaixá-lo, mas ter segurança, paz de espírito? Estou disposta (o) a viver longe da família e amigos? Estou preparada para, talvez, não poder voltar ao meu país por longos períodos?
Falo em “longos períodos” por uma simples razão, as férias de 30 dias que conhecemos no Brasil, nos EUA são uma raridade. Geralmente, o funcionário pode gozar dos seus dias de férias a partir de 6 meses de vínculo empregatício, porém serão míseros 7 dias, no máximo, salvo algumas exceções. Isso levando-se em consideração que você esteja empregado por uma empresa, se tiver um trabalho por hora, sem vínculo ou informal, férias podem ser traduzidas em período sem nenhum pagamento.
Essas considerações são para quem tem visto que permite o trabalho no país.
Viver “indocumentado” ou ilegal vale a pena? Não, não e não, aqui ou em qualquer lugar do mundo. Cidadãos em situação imigratório irregular simplesmente não existem para a sociedade. Não é possível a emissão de documentos como carteira de motorista, o social security number (equivalente ao nosso CPF) dentre outros, não é possível se cadastrar em um sistema de saúde do governo ou em um plano particular, comprar ou alugar um imóvel pode ser extremamente difícil e dispendioso, além de viver em constante estado de alerta.
Apesar de não ser lei, algumas escolas em estados com uma taxa de imigração ilegal muito alta, começaram a dificultar a matrícula das crianças na escola, uma forma de tentar conter um pouco esse movimento.
 que vejo na prática muitas vezes são famílias que se arriscaram com filhos ainda em idade escolar e que, anos mais tarde, viram essas crianças tornarem-se adolescentes tentando entrar na faculdade ou regularizar a situação imigratória e não obterem sucesso, vivendo quase em um mundo paralelo sem terem escolhido o que enfrentariam.
O governo poderia cuidar desses jovens? Sim, mas isso é discussão para um outro artigo.
Legalizado ou não, a vida em outro país não é um mar de rosas, não são todos os estrangeiros que são bem sucedidos, que são felizes, todos os dias batalhas são enfrentadas, cada um com a sua. Não quero com isso parecer arrogante, uma vez que estou aqui e muitos não tiveram essa chance, não fecho os olhos para os problemas que nosso país enfrenta. Talvez, eu mesma estando hoje na minha cidade do coração, estivesse pensando em sair, mas faria tudo com muita ponderação e planejamento.
Todas essas linhas não são um “desista, não vai dar certo”, mas uma análise da realidade vivida por quem faz essa opção.
Então, se depois de muita reflexão você ainda considerar a possiblidade de imigrar, deixo as minhas dicas:

Domínio da língua

Busque sempre aprimoramento, não acredite que só com o básico “dá para se virar”. O básico do Brasil não é suficiente nem para o começo. Portunhol? Nem pensar, com a quantidade de latino-americanos com espanhol perfeito quem a/o contrataria?

Qualifique-se, crie um diferencial

Tenha algo que salte aos olhos do seu futuro empregador, algo que faça-o esquecer de todo o processo burocrático que será para contratá-la (o). Faça cursos, pós-graduação.

Esteja preparado para desistir ou voltar atrás

O que é bom para muitos, pode não ser para você. Viver no caos, na desorganização política ou violência que encontra-se no Brasil hoje, pode ser impraticável para muitos, mas para você pode compensar por estar perto de quem você ama.

Não largue o certo pelo duvidoso

A política americana de imigração anda muito instável, hoje é possível a obtenção de vistos, residência permanente, mas a qualquer momento pode mudar. Não corra esse risco se você tem uma vida estável no Brasil.

Planeje-se

Ouça, leia sobre experiências positivas e as negativas (também) de quem mora ou já morou no exterior.
Examine com cuidado as ofertas de emprego, de vistos, moradia, escola para filhos e custo de vida.
Ainda sobraram algumas dúvidas? Deixe-as nos comentários, ficarei feliz em ajudar.
See you soon!
Texto originalmente publicado no Brasileiras pelo Mundo de minha autoria

Mais postagens Aqui e Ali

0 comentários

Instagram